O advogado é indispensável à administração da justiça, é o que diz a constituição e o que repetem constantemente os advogados Brasil afora. A função do advogado é auxiliar a administração da justiça, juntamente com os mais diversos tipos de profissionais (delegados, juízes, policiais, peritos, a lista é infinita).

Para além do bordão conhecido, repetido e vulgarizado, a função de um advogado, em especial de um bom advogado, é auxiliar seus clientes. Pode parecer simples e óbvio, mas vejamos mais a fundo o que se espera de um advogado, fazendo uso de um exemplo histórico.

Os imperadores romanos tomavam suas decisões com a ajuda e com os ouvidos atentos aos seus conselheiros, não exerciam ele o enorme poder imperial de forma absolutamente solitária e arbitrária. Tomavam decisões de forma informada, mesmo sendo o Imperador o tomador de decisões finais, grandes imperadores valorizavam a sabedoria dos conselheiros reais, consiliarii ou conciliatores principis. Um grande exemplo de como a união entre Imperador e conselheiros era frutífera é a história do primeiro Imperador de Roma, Augusto.

Após o assasinato de Júlio César, no início do Segundo Triunvirato, Augusto, então chamado Octaviano, entra para a política, derrota assassinos de César, e ,com a ajuda de seu comandante de confiança e conselheiro Marco Vipsânio Agripa, derrota Marco Antônio e Cleópatra, consolidando o controle sobre o Império Romano. Os feitos da vida de Augusto são os mais diversos, trouxe estabilidade ao Império Romano após décadas de conflitos internos e estabeleceu as bases para o período de paz e prosperidade de dois séculos do império romano, a Pax Romana. Atribuo parte do sucesso à sabedoria do Imperador em valorizar seus conselheiros, como Agripa.

Augusto era conhecido por ser um líder astuto e pragmático, que valorizava a opinião e conselho de seus homens de confiança. A parceria e amizade entre Augusto e Marco Vipsânio Agripa foi notável e memorável. Agripa era um general habilidoso e leal, que desempenhou um papel fundamental na vitória de Augusto em guerras e na consolidação do Império Romano. Além de grande comandante militar, era visto por Augusto como homem sábio e conhecedor da dinâmica da política romana. A relação entre conselheiros imperiais e Imperador eram baseados em confiança, lealdade e competência. O imperador dependia dos conselheiros para obter perspectivas distintas, conhecimento especializado e apoio em diversas questões. No entanto, a autoridade final sempre residia com o imperador.

É, analogamente, isso que se espera de um advogado, (um bom advogado): Conselho e auxílio especializado. O advogado deve enriquecer e auxiliar as decisões de seus clientes. Com suas expertises jurídicas, deve tomar o problema do cliente como se seu fosse, mas com o distanciamento emocional necessário à profissionalidade. O advogado deve prestar serviço ao seu cliente, sem tomar a decisão em seu lugar. É nesse ponto que muitos pecam e acabam tomando decisões no lugar do cliente, advogados ampliam, sem perceber sua função.

Espera-se de um bom advogado que saiba, minimamente, sobre a vida do seu cliente para além do processo em que o representa, quais são suas necessidades, situação financeira, etc. No ramo de antecipação de recebíveis, muitos advogados travam qualquer oportunidade de o cliente antecipar sua ação sem sequer consultá-los, privando-os do poder de decisão. Às vezes, o cliente pode estar em situação financeira difícil e a antecipação pode ser extremamente útil, mas infelizmente ele sequer alcança a saber sobre a oportunidade, pois seu advogado não vai além dos autos do processo e usurpa de sua função, tomando para si a decisão que deve ser do cliente.